Política de Privacidade

País voltou a ser previsível

Mar/17 - Depois de três anos de incertezas agudas, há maior consenso em relação ao ambiente político e econômico, o que mostra maior previsibilidade do País

Depois de três anos de incertezas agudas, há maior consenso em relação ao ambiente político e econômico, o que mostra maior previsibilidade do País

 

Nos últimos meses, a economia se tornou bem mais previsível e explica a retomada da confiança de empresários, consumidores e investidores (Foto: Freepik)

 

Os ruídos políticos de curto prazo podem dar a impressão que o País avançou pouco nos últimos meses. Mas a realidade recente permitiu uma convergência relevante dos cenários econômicos e políticos. Este é um sinal de que a economia já se tornou bem mais previsível e explica a retomada da confiança de empresários, consumidores e investidores.

Vivemos, de fato, três anos de uma indefinição aguda. Após as incertezas geradas pela eleição presidencial de 2014, o ano de 2015 foi marcado pelo aprofundamento da crise política e econômica. Já em 2016, definido o impeachment, as condições de sustentabilidade política do novo governo e sua capacidade de fazer reformas eram uma incógnita. Como resultado, não havia convicção sobre o ritmo de retomada da economia e, portanto, sobre o comportamento de variáveis chaves, como câmbio, inflação e juros.

Os últimos meses, no entanto, permitiram que boa parte destas dúvidas fosse dissipada. Há hoje maior confiança na estabilidade política. Apesar da baixa popularidade, o governo tem tido sucesso em manter uma sólida base de apoio parlamentar e os protestos de rua não são significativos. Isso sugere que, neste momento, os elevados ruídos políticos não necessariamente conduzem a um quadro de ruptura.

As dúvidas que se tinha em relação ao desenho e implementação de uma agenda de reformas também vem sendo superadas. Não apenas a agenda do governo é de boa qualidade e mostra acerto nos diagnósticos, mas as últimas votações no Congresso indicam uma expressiva capacidade de articulação política.

RETOMADA LENTA

Da mesma forma, consolidou-se a leitura de que a retomada econômica será lenta. Os cenários que mostravam uma recuperação a partir do segundo semestre foram frustrados e, ao contrário, a recessão se aprofundou. Provavelmente, os impactos setoriais gerados pelos escândalos de corrupção e o processo ainda em curso de correção de excessos de investimentos e endividamento inibem uma retomada mais rápida da atividade. Adicionalmente, é possível que os custos de mão de obra ainda estejam elevados em relação à produtividade, o que desestimula a contratação de trabalhadores.

Diante deste cenário de baixo crescimento, houve certo alinhamento nas avaliações sobre inflação e juros. A mudança do regime de política econômica em curso, associado à baixa utilização da capacidade instalada e a choques favoráveis de oferta, trouxe uma expressiva redução da inflação, em alta durante quase uma década.

Como resultado, raramente se viu uma combinação de fatores tão favoráveis à condução da política monetária, abrindo espaço para uma redução expressiva da taxa de juros. O debate se concentrou em questões secundárias, como a estratégia e comunicação do ciclo de afrouxamento. Sintoma desta convergência de cenários é a queda na dispersão das projeções coletadas pelo Banco Central para PIB e inflação.

Talvez o principal risco continue sendo a taxa de câmbio e, não por outro motivo, as projeções ainda mostram alguma divergência. A economia norte-americana apresenta sinais de retomada em um momento de estímulos fiscais, desregulamentação e aumento da inflação global. O resultado pode ser uma normalização mais rápida da política monetária, o que implica fortalecimento do dólar, queda de preços de commodities e aumento do risco para os mercados emergentes. Some-se a isso a provável volatilidade que pode ser gerada pela tramitação de reformas difíceis e polêmicas no Congresso, além do início de um novo ciclo político em 2018.

Mas mesmo neste caso, não há o sentimento que o câmbio possa sair de controle, como em 2015. As pressões globais, estatisticamente mais importantes para explicar o comportamento do câmbio, podem ser suavizadas pela maior estabilidade política doméstica, o avanço das reformas e a esperada retomada econômica, implicando queda do risco soberano e maior atratividade do País aos fluxos de capitais.

As leituras sobre o ambiente político e econômico, portanto, se tornaram mais consensuais. Este novo ambiente diz muito sobre o País. A volta de uma gestão econômica responsável e comprometida com reformas importantes já traz maior previsibilidade e confiança. Mesmo que os ruídos políticos ainda estejam presentes, o quadro hoje é incomparavelmente mais claro que há alguns meses. Já é um primeiro e importante passo para sairmos da crise.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Mostrar mais

Generic selectors
Apenas Busca Exata
Pesquisar por Título
Pesquisar por Conteúdo
Post Type Selectors
">
Filtrar por Categoria
Uncategorized