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Efeito Mansueto

Jul/17 - Decisões racionais e responsáveis são fundamentais em um momento de fragilidade política e aumento de incertezas

Decisões racionais e responsáveis são fundamentais em um momento de fragilidade política e aumento de incertezas

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O secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, Mansueto de Almeida: presença de técnico reputado no governo permite manter a confiança na seriedade e transparência na gestão das contas públicas (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil/Creative Commons)

As tensões políticas do atual governo lembram, ainda que em menor grau, as vividas nos últimos três anos. Mas dentre as diferenças, há a qualidade da gestão econômica. Confiar no gestor já é um passo importante para evitar um quadro de descontrole em momentos de crise e transição como o que vivemos hoje.

O atual time produziu e produz impactos inequívocos sobre a economia. Ao emprestar reputação pessoal à administração do governo, o novo time ajudou a dar previsibilidade às decisões e a resgatar a confiança de empresários, consumidores e investidores.

De fato, a nomeação de uma equipe competente foi fundamental para simbolizar uma mudança de rumos após a perda de reputação gerada pelo colapso fiscal e pelo descontrole inflacionário. Foi um primeiro passo para reverter as expectativas, mesmo diante de um quadro econômico ainda bastante adverso.

Além disso, ao produzir diagnósticos corretos e mostrar capacidade de desenhar e implementar políticas públicas racionais, o governo tem permitido o ajuste da economia e a redução de desequilíbrios.

Da mesma forma, o resgate da racionalidade econômica e o abandono das experiências populistas reduzem as surpresas de pacotes e experimentalismos. O excesso de ativismo de política deu lugar ao respeito ao conhecimento acumulado pela pesquisa econômica das últimas décadas.

Pode parecer simples, mas não é. Deixamos para trás congelamentos de preços e tarifas, mudanças frequentes e inesperadas de regras e tentativas de mudança do regime econômico, como controles cambiais e experimentos monetários. Na área fiscal, a desoneração tributária sem critérios, programas sociais desequilibrados e as ações de bancos públicos foram acompanhadas pela queda da transparência. Não por outro motivo, o crime de responsabilidade fiscal foi a base para o impeachment do presidente.

Em sentido contrário, o novo governo rapidamente encaminhou reformas que controlam o gasto público e permitem construir cenários de estabilidade de dívida. Com uma comunicação mais clara e direta, a política monetária voltou a olhar para a convergência das expectativas de inflação, com analistas e investidores novamente entendendo as metas e instrumentos do banco central.

Toda esta história faz diferença em momentos de crise como o atual. As dificuldades crescentes em se aprovar a reforma da previdência e o aumento da pressão política por expansão dos gastos geram dúvidas sobre a capacidade de o governo produzir superávits primários e estabilizar a dívida.

É verdade que há hoje menor espaço para estímulos fiscais e heterodoxias. A situação das contas públicas é grave em todos os níveis de governo e as taxas elevadas de desemprego são uma pressão social importante para se resgatar a racionalidade econômica, a confiança e, com isso, o crescimento, permitindo um nível mínimo de governabilidade.

Mas sem fôlego para reformas, é natural que a gestão da economia ganhe relevância. Com o aumento da fragilidade política do governo, a reputação da equipe não deixa de ser uma garantia contra eventuais e naturais pressões políticas de curto prazo. Não por outro motivo, há maior sensibilidade entre analistas, investidores e jornalistas em relação a trocas ou rumores de mudanças na equipe econômica.

A área fiscal é emblemática. Alguns estudos mostram que os avanços institucionais dos últimos anos beneficiaram menos a política fiscal que a monetária. Como resultado, faz sentido que quanto maior o espaço institucional para discricionariedade, maior a necessidade de reputação, principalmente em momentos de crise política.

Neste caso, a credibilidade da equipe econômica é sinal que haverá resistência contra tentativas de se reduzir a responsabilidade e a racionalidade na gestão. Há no governo atual vários bons nomes que trazem tranquilidade ao mercado. Um bom exemplo é o economista Mansueto Almeida. Técnico com grande reputação, sua presença no governo permite manter a confiança que haverá seriedade e transparência na gestão das contas públicas.

Foi o que vimos nos últimos dias. Com limites para controles adicionais nos gastos públicos e frustação nas receitas, o governo adotou medidas duras em um ambiente político adverso. O anuncio do aumento de impostos mostra que, pelo menos por enquanto, descumprir meta não é uma opção.

Ainda estamos distantes de uma mudança na estrutura de gastos do governo que permita um sistema tributário mais simples e mais leve. Nosso Estado continua sendo caro e ineficiente. Mas estes ajustes de curto prazo são fundamentais para estabilizar o ambiente econômico. São um sinal de que não há vontade política de se voltar ao populismo e, ao mesmo tempo, há capacidade para se administrar a economia e as contas públicas, atenuando a piora das expectativas e permitindo sustentar a retomada do crescimento.

Justamente por isso, confiar no gestor é fundamental e, diferentemente de gestões anteriores, a reputação da atual equipe permite acreditar que neste momento o governo fará o que precisa ser feito, sem maquiagens.

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